A abertura do Sistema de Transferência de Água, a partir do rio Cunene, na localidade de Cafu, não só vai mitigar os efeitos da seca na província, como também influenciar o fim da transumância provocada pela escassez de água.

A informação foi prestada pelo vice-governador para o sector Político, Social e Económico do Cunene, Apolo Ndinoulenga, durante a terceira edição do CaféCIPRA, que tratou dos "Projectos de grande impacto social no Sul de Angola”, na última sexta-feira, 24 de Março, no Centro de Imprensa da Presidência da República (CIPRA).

O vice-governador avançou também que o Governo pensa construir as chamadas escolas itinerantes para pôr fim a desistência de muitas crianças e jovens durante o ano lectivo.

"Durante o período das transumâncias as crianças, adolescentes e jovens perdem a escolarização”, revelou o governante, tendo acrescentando que "com a presença de água e a redução das rotas de transumâncias está ideia vai desaparecer”.

Da parte do governo provincial, disse ainda, cabe a responsabilidade de reorganizar as populações para terem serviços sociais próximo da zonas com água.

"Estamos a falar de serviços de saúde, escola e outros que não eram possíveis disponibilizar por falta de água”, clarificou.

O vice- governador deu a conhecer o regresso ao país de cerca de 1.800 pessoas que encontraram refúgio na vizinha República da Namíbia. Actualmente, essas pessoas estão acomodadas na localidade de Calueto e praticam agricultura com as condições criadas pelo Governo.

"Estas pessoas estão aí e muitas delas já não querem regressar para as áreas de origem. São pessoas que vieram do município do Coroca e não praticavam agricultura. Mas hoje, com o apoio do Governo e as condições criadas, muitas que tinham intenções de regressar para a Namíbia, e receber 20 quilos de alimentos por tempo indeterminado, já não querem falar da Namíbia, nem do Curoca. Porque o Curoca é uma localidade que há cinco ou seis anos não chove”, contou. 

A construção em curso do Sistema de Transferência de Água, na localidade do Cafu, faz parte do programa de acções estruturantes para combater os efeitos da seca na província do Cunene.

Além do fim da transumância provocada pela escassez de água, Apolo Ndinoulenga explicou que o Ministério da Agricultura e Pescas trabalha com as administrações, para sensibilizar as populações que vivem ao arredor do canal à prática do cultivo da terra.

"Neste momento temos algumas lavras ao longo do canal, que estão a ser treinadas para produzirem hortícolas”, disse o vice-governador, reforçando ser um acto de incentivo para os demais moradores, pelo facto desta acção ser assistida pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA).

A construção do Sistema de Transferência de Água teve início em 2019, na povoação de Cafu, comuna de Xangongo, município de Ombadja, a 135 quilómetros da cidade de Ondjiva. Vai beneficiar directamente as populações de Ombala-yo-Mungo (Ombadja), Namacunde e Dombondola, na província do Cunene.

O primeiro lote deste Sistema inclui a construção de um sistema de bombagem, conduta pressurizada, um canal aberto revestido em betão, a partir da povoação de Cafu até Cuamato, e 10 chimpacas (reservatórios).

O segundo lote vai abranger a construção do canal adutor, a partir de Cuamato, para Ndombondola e Namacunde, e a construção de 20 chimpacas.