Governo
23 Março de 2022 | 12h03

REUNIÃO DE BALANÇO

CIVICOP localiza ossadas de 10 corpos

A Comissão para Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) fase II anunciou esta terça-feira, 22 de Março, a localização de  ossadas 10 corpos, que neste momento estão a ser analisadas pela equipa médico-forense para realização do exame de ADN.

O anúncio foi feito pelo coordenador desta comissão, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, na terceira reunião do ano da CIVICOP, que decorreu na sala de reuniões do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. 

No final do encontro, o ministro fez um balanço positivo dos resultados alcançados até ao momento. 

"O balanço é positivo face aos resultados que os subgrupos de trabalho apresentaram nesta terceira reunião da CIVICOP. Estamos a falar dos subgrupos de microlocalização e enxumação de ossadas, dos subgrupos de médicos-forense e de comunicação institucional. O subgrupo de microlocalização e remoção de ossadas fez um trabalho de grande envergadura, sobretudo em Luanda e localizaram corpos de 10 indivíduos, que estão a ser trabalhados pela equipa médico-forense para a realização do exame de ADN”, informou. 

Francisco Queiroz explicou que  trabalhos estão avançados e que as famílias estão a colaborar na obtenção resultados genéticos de ADN, para se fazer o cruzamento com o mesmo tipo de análise feito aos ossos.

O ministro alertou que não há ainda certezas de quem são as ossadas encontradas. Dos dez corpos, oito têm os ossos completos e dois com ossos parciais, e já foram retirados material genético de 35 famílias.

"Estamos agora à espera, mas aquilo que se pensa em termos de quem são em concreto esses ossos é que possam ser de pessoas relacionadas com o 27 de Maio, por causa do modo e o local onde foram encontrados os ossos, designadamente Nito Alves, Pedro Fortunato, Sianuk, Monstro Imortal, José Van-Dúnem, David Zé, Urbano de Castro, Domingos Barros, Sabata, Arthur Nunes,  e ainda Júlio e Elídio Ramalhate, que são gêmeos”.

A lista das vítimas é extensa, segundo o ministro, e passa de 10 indivíduos. Por essa razão, foram enviadas cartas às famílias de todos para a recolha de material genético e para o cruzamento com os ossos encontrados.

"O trabalho está a decorrer e exige grande rigor técnico e também muita paciência. Ainda não estamos em condições de dizer que este osso ou aquele conjunto de ossos  pertence a este ou aquele, mas há fortes probabilidades de que concluído o exame das famílias e os ossos, se possa chegar a conclusão de que alguns destes sejam efectivamnete dos que estamos a pensar”, referiu. 

O processo de recolha de material genético inclui também as famílias que estão no exterior do país. 

"Os exames de ADN dos ossos devem ser feitos no país. As famílias que estão a residir no exterior serão objectos de recolha de material genético lá mesmo. Faremos deslocar uma equipa que vai ao país, concretamente em Lisboa, onde estão a maior parte dessas famílias. E num Instituto de renome, indicado pelas próprias famílias, farão a recolha do material genético”, explicou. 

O ministro justificou que o exame de ADN deve ser feito no país, por ser  o local onde se encontram os perfis genéticos dos ossos que estão a ser analisados.

"Vamos trabalhar com o representante da UNITA na CIVICOP, para que possamos também fazer a recolha de ossos na Jamba e em outros locais que a UNITA possa indicar”, disse.