O sistema de captação de água do Cafu e canais associados já funcionam a partir de hoje, 4 de Abril, com a sua inauguração pelo Presidente da República, João Lourenço.
O Chefe de Estado, que trabalha desde ontem na província do Cunene, chegou ao local nas primeiras horas da manhã, tendo sido muito aplaudido pela população que aguardava ansiosa pelo funcionamento deste sistema construído pelo Executivo para mitigar os efeitos da seca cíclica na região.
O accionamento do botão de funcionamento da Estação de Bombagem foi o ponto mais alto da cerimónia de inauguração do sistema de captação de água do Cafu e canais associados.
Antes desse momento, houve intervenções da governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, e do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, que entregou a maquete do projecto ao Presidente da República.
Houve ainda apresentação de um vídeo sobre o Programa de Combate à Seca no Sul de Angola e as obras de construção do sistema de Cafu, e posteriormente a visita às salas de controlo e de comando da Estação de Bombagem pelo Presidente da República, acompanhado da Primeira- Dama, Ana Dias Lourenço, membros do Executivo, diplomatas, deputados e demais convidados.
Ainda dentro da Estação de Bombagem, João Lourenço visitou o canal de aproximação do rio Cunene e a central fotovoltaica, com vários painéis solares que fazem funcionar o sistema.
No final da visita, houve lançamentos de balões brancos e azuis, em saudação ao dia da Paz e da Reconciliação Nacional assinalado no mesmo dia.
À imprensa, o Chefe de Estado disse que o projecto representa uma vitória para o país, particularmente para a província do Cunene, embora não considere ainda o problema resolvido.
"Este projecto é apenas o início de um amplo programa que vai beneficiar as populações vítimas da seca, não só da província do Cunene, como também do Namibe e da Huíla”, frisou, lembrando que a preocupação é abranger primeiro aqueles municípios mais populosos e sofrido com a seca, como o do Curoca.
Porém, o Chefe de Estado garantiu que o Governo está a trabalhar para o desenvolvimento do país no seu todo, implementando projectos no Cunene e noutras províncias que vão mudar a vida das populações nos próximos anos.
"A questão da água estamos a resolver deste modo, mas há outros projectos. Começamos agora a construir as habitações, sobretudo para os quadros, estou a me referir à centralidade. Vem aí o projecto das 200 casas e estamos a construir em tempo record, após o incêndio que destruiu o hospital provincial de Ondjiva, um hospital de raiz que pensamos que vai reduzir grandemente a necessidade das populações desta província que recorriam aos serviços sanitários do país vizinho. Estou a me referir à Namíbia”, assinalou.
À população local, que acorreu em massa ao local para acompanhar a inauguração, João Lourenço falou-lhes das vantagens do canal do Cafu, não só para consumo das famílias e abeberamento do gado, como também para a prática da agricultura.
"Se antes cultivavam um pedacito de massango, com esta água já podem cultivar um, dois hectares. Podem cultivar em maior quantidade, cultivar milho, feijão, couve e outras hortícolas para a alimentação das pessoas, sobretudo das crianças. As crianças têm que se alimentar melhor, não podem comer só carne. Têm que comer carne, funge, couve, feijão, e não ficar mais à espera que os caminhões venham de Luanda com ajuda alimentar”, disse.
O Presidente da República, alertou que o Executivo não está a fugir da responsabilidade de ajudar, mas ajudará apenas em situações de fraca colheita, por razões naturais, porque as populações devem cultivar os seus alimentos e o Estado ajudar com sementes e instrumentos de trabalho.
"A partir da água tudo que vem à frente e o que depende da água é só progresso. Só depende do trabalho do homem. Se os homens trabalharem e usarem bem os equipamentos que a gente vai dar, vão ter bons resultados, vão ter abundância de alimentos”, disse, dando a conhecer que o Ministério da Agricultura vai ajudar na constituição de cooperativas, vai ensinar os mais novos a conduzir tractores, a trabalhar com as alfaias e a charruar.
Como incentivo à agricultura, o Presidente da República ofereceu tractores, charruas, moto-cultivadoras a algumas famílias, que já começaram a cultivar a terra ao longo do canal de água, onde estão várias chimpacas e bebedouros para o gado. No mesmo perímetro, foi construída a casa do zelador da infra-estrutura também visitada pelo Presidente da República.
O sistema de captação de água do Cafu e canais associados é um obra orçada em 135.748.375 milhões de dólares. A sua construção durou 18 meses e vai beneficiar 235 mil habitantes, 250 mil cabeças de gado e permitiu a criação de 3.275 empregos directos.